O mutismo seletivo é um transtorno que
acomete crianças de todas as idades, caracteriza-se por uma
incapacidade da criança em falar em alguns locais (escola, festas, rua),
em algumas situações e com algumas pessoas, inclusive da própria
família. Essas crianças compreendem a linguagem e são capazes de falar
com toda normalidade em lugares onde se sentem seguros e confortáveis,
como exemplo, em casa e com pessoas de seu círculo mais íntimo, tais
como, pais e irmãos. O fato de não falar em determinadas situações não
significa que estão querendo chamar atenção ou controlar o ambiente, mas
sim em demonstrar o grau de ansiedade e vergonha que sofrem, e essas
emoções as inibe de falar e expressar seu comportamento não-verbal.
Normalmente, elas apresentam dificuldade em olhar nos olhos, dificuldade
em sorrir, de se expressar em público, de ir ao banheiro, em comer na
escola. A percepção dessas crianças é que estão sendo observadas
constantemente, por isso, seus movimentos ficam paralisados como estátua
cada vez que elas se sentem avaliadas. Embora seja considerado um
transtorno raro, sendo encontrada em menos de 1% dos indivíduos vistos
em contextos de saúde mental, observamos no contexto clínico, uma
incidência cada vez maior no Brasil.
As causas da doença podem ser
encontradas em três pilares: (1) herança genética, a maioria das
crianças que sofrem do mutismo apresentam uma predisposição genética a
experimentar sintomas de ansiedade que é exacerbada por condições
estressantes ou hostis; (2) traços de temperamento, como: vergonha,
timidez, preocupações excessivas, evitação social, medo, apego e
negativismo e (3) interações familiares, existe um consenso de que o
mutismo é mantido na presença de características familiares, tais como:
relação simbiótica, dependente e controladora entre mãe e filho, mães
deprimidas e passivas.
As crianças que são acometidas pelo
mutismo possuem uma inteligência preservada, normalmente, acima da média
para a idade. Geralmente, o transtorno surge antes da idade de cinco
anos (fase pré-escolar) e o grau de persistência varia de poucos à
muitos anos e quando não tratados podem desenvolver na adolescência uma
fobia social grave. As pesquisas indicam que a doença pode desaparecer
espontaneamente, mas em geral, quando não tratada se torna crônica e
altamente resistente a qualquer tipo de tratamento. Por falar em
tratamento, a terapia mais indicada para o tratamento do mutismo é a
cognitivo-comportamental, pois combina técnicas que vão auxiliar a
criança a manifestar a fala e desenvolver habilidades sociais
importantes nessa fase da vida. O tratamento precisa envolver a família
da criança, a escola que ele estuda e o próprio paciente.
Abaixo, estão algumas estratégias para os PAIS que possuem um filho com o transtorno:
- A criança não deve ser forçada a falar;
- Os pais devem elaborar inicialmente formas alternativas de comunicação através de símbolos, gestos ou cartões;
- Não devem permitir que outras pessoas respondam pelo filho(a);
- Solicitar gradualmente a exposição oral da criança;
- Reforçar a criança todas as vezes que houver um aumento no comportamento verbal da criança. O tipo de reforço precisa ser de preferência da criança (elogios, abraços, doces preferidos…);
- Encorajá-las sempre que possível, fazer pequenas solicitações ou cumprimentos a pessoas estranhas. Ex. ir comprar pão, comprar jornal…;
- Evitar que seu filho seja o centro das atenções;
- Identificar a compatibilidade com algum amigo para jogar e brincar com a criança algumas vezes dentro e fora de casa;
- Utilizar a dessensibilização sistemática. Por exemplo, usar um reforço quando a criança sussurrar uma palavra e gradualmente aumentar a exposição até a criança dizer uma palavra em volume normal para algum estranho;
- Planejar passeios em família fora de casa.
- Algumas estratégias devem ser usadas pelo PROFESSOR para auxiliar o tratamento, incluem:
- Permitir que a criança se comunique não-verbalmente no início, para depois utilizar a comunicação oral;
- Não permitir que outros amigos respondam pelo aluno;
- Solicitar gradualmente a exposição oral da criança;
- Se possível colocar as mesas em forma de grupos;
- Reforçar positivamente interações sociais faladas ou não;
- O tipo de reforço precisa ser significativo para a criança (elogios escritos, verbal…)
- Reforçar qualquer tentativa de enfrentamento de situações interpessoais e ir ampliando progressivamente as exigências;
- Encorajá-las sempre que possível, fazer pequenas solicitações ou cumprimentos a pessoas estranhas. Ex. pegar ou entregar material fora de sala.
- Os professores devem sempre que possível tentar iniciar conversas fora da presença de outros alunos, devem tentar também, não colocar a criança como sendo o centro das atenções, pois isso aumenta a ansiedade da criança;
- Não estabelecer comparações com outros companheiros;
- Não permitir que os demais colegas o insultem, intimidem ou riem dele(a);
- Estimular e envolver os colegas para que o ajudem e para que participem nas sessões de intervenção.
- O aluno não deve ter métodos de avaliação diferente da turma
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